sexta-feira, 16 de julho de 2010
Soneto da fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com o tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quem vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espelhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinícius de Moraes
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