quarta-feira, 30 de junho de 2010

As Sensações



Quando olho para mim me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes aos sair
Das próprias sensações que eu recebo.


O ar que respiro, este licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.


Nem nunca, propriamente reparei,
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei


Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem  em mim sente.



Soneto de Fernando Pessoa/Álvaro de Campos

Pessoa, Fernando. Obra Poética. Rio de janeiro, Aguilar, 1974. p.301.




O SEU NAVEGADOR PODE TE PROTEGER DE FRAUDES NA WEB. VEJA DICAS DE INTERNET EXPLORER 8

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários