Oh amor que tocas no meu estranho peito
Sinto a cabeça a palpitar em amargura
Sinto a tua voz a estoirar como ternura
Por entre as telhas em que me deito
Acho que amor mais solene que este não há
Que incendie toda uma floresta
Apenas para se fazer a festa
Deste amor nunca terminado
Oh, quem me dera ter nascido antes
Olhar para os meros amantes
Como se olhasse pra mim mesmo
E sentir o que sinto agora
Olho para dois corações apalpados
Beijos de calma pronunciados
Por bocas que não falam
Por amor o vento embalam
Dois jovens apaixonados
E quem diz que o amor é cego
Que veja aos olhos de quem não vê
O interior das almas é como um lego
Que monta o mundo sem um porquê
E quem diz que o amor é surdo
Ouça o som da natureza
Pombas falam em tom mudo
Que o carinho humano é belo de certeza
E quem diz que o amor é muito calado
Siga apenas o seu caminho
Pela vida caminhando
Verá que nunca está sozinho
Flávio Pereira
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